O Déficit Primário é o resultado de gastos maiores do que a arrecadação de um país, em um determinado período. Apesar de ser um conceito fácil de entender, a contabilidade utilizada em seu cálculo é bastante complexa.

Mas, de maneira simplificada, podemos dizer que todos os gastos do país, tanto nos necessários investimentos de obras e serviços públicos quanto na manutenção de sua própria estrutura governamental (máquina pública), devem ser pagos com a arrecadação de impostos. Quando a conta não fecha, normalmente os governos recorrem à emissão de títulos públicos – como o Tesouro Direto no Brasil – para arrecadar o dinheiro necessário.

Vale ressaltar que, além do desequilíbrio orçamentário em sí, o problema do déficit primário se torna mais complexo porque a decisão de reduzir os gastos ou aumentar as receitas do país depende de vários agentes (no Brasil, passa pelos poderes executivo, legislativo e judiciário), o que torna o tema algo político e não simplesmente técnico-contábil. As decisões se tornam morosas, burocráticas e enviesadas por ideologias e interesse pessoal.

Como consequência quase imediata do Défict Primário, podemos citar o rebaixamento do país junto às agências de rating e consequente perda de crédito com grandes investidores mundiais. Isso acaba por dificultar a gestão da dívida e pressionar ainda mais a economia do país. Com a dificuldade de conseguir recursos externos, os governos tendem a aumentar suas taxas de juros para se conseguirem se financiar mas, na prática, só aumentam e postergam o problema para o futuro.

É um ciclo vicioso que se baseia numa inflação gradativa e que gera alto impacto social de desemprego e pobreza.