Como o Risco Brasil afeta seus investimentos? Entenda

Investir é, sobretudo, um voto de confiança. Todo investidor necessita, antes de colocar seu dinheiro em uma empresa na Bolsa de Valores, acreditar que a operação será rentável — seja no curto, médio ou longo prazo. Quando ampliamos o nosso panorama e falamos sobre nações, a regra é a mesma — e é por isso que existe o chamado índice de Risco Brasil.
O Risco Brasil é, na verdade, mais um risco-país ou risco-soberano entre vários outros. Inúmeras outras economias emergentes — ou em desenvolvimento —, como Argentina, Bulgária, Colômbia, Egito, Malásia, México e Rússia também são classificadas com um número que sugere sua credibilidade e confiabilidade no cenário internacional.
Em linhas gerais, o Risco Brasil — assim como qualquer outro risco-país — indica aos investidores estrangeiros o grau de segurança do mercado financeiro nacional. Em português mais claro e direto, quanto maior for o índice de Risco Brasil, maior é a probabilidade do Estado brasileiro dar um calote em seus credores.
Essa aplicação foi desenvolvida em 1990 pela instituição financeira americana J.P. Morgan — como uma metodologia para sinalizar aos investidores de todo o mundo quais mercados emergentes são mais seguros e rentáveis e quais oferecem maiores riscos de prejuízos ao patrimônio de quem investe.
Mas, afinal de contas, o que faz o Risco Brasil subir ou descer? Como essa métrica é calculada? Como ela impacta nos seus investimentos? Para conhecer tudo sobre esse índice que aparece diariamente no noticiário econômico dos telejornais, neste artigo da Akeloo você vai:
- Aprender de uma vez por todas o que é o Risco Brasil e quais são as variantes que influenciam em seu desempenho;
- Entender quais bases são utilizadas para estimar um risco-país aos olhos dos investidores internacionais;
- Receber dicas para que você consiga driblar a crise em momentos onde o Risco Brasil se encontra nas alturas.
O que é o Risco Brasil?
Ao colocar os mercados em desenvolvimento em seu tabuleiro, os investidores internacionais observam centenas de oportunidades para aplicar os seus capitais. A decisão de qual será o país inflado com os novos investimentos é quase sempre embasada em duas palavras: segurança e rentabilidade.
Para que não seja necessário que os investidores façam longas pesquisas acerca da situação política e econômica de cada um dos governos e nações, existem indicadores — como o risco-país — que demonstram quais países emanam mais estabilidade e previsibilidade no momento.
São vários os fatores que compõem o Risco Brasil. Alguns deles são:
- Momento político;
- Crescimento econômico;
- Comportamento diplomático;
- Oscilações no mercado financeiro;
- Inflação ou estagflação;
- Déficit fiscal;
- Dívida pública/PIB.
Já deu para perceber que o Risco Brasil está diretamente ligado às análises fundamentalistas, não é? Aqui são adicionados na conta agentes que extrapolam o mercado financeiro como um meio de entender o comportamento dos ativos nos mercados.
Em uma realidade de Risco Brasil elevado, o mercado nacional perde a prerrogativa de sua segurança aos investidores — deixando explícito para a comunidade internacional que o país enfrenta uma crise. Neste cenário, quem investe costuma exigir condições mais vantajosas para aplicar no Brasil, como um meio de proteger os seus investimentos.
É comum que em períodos de Risco Brasil em alta também se eleve a Taxa Selic (Taxa Básica de Juros). Assim, como um parâmetro para compensar a insegurança, a economia nacional tenta garantir rentabilidade aos investidores estrangeiros, fixando juros que rendem em alíquotas mais expressivas — em uma política chamada de “prêmio pelo risco”.
Como o Risco Brasil é calculado?
Conforme você já leu em nosso artigo, o Risco Brasil não é estabelecido por um único fator — sendo, muito pelo contrário, a união de inúmeras condições.
São três as principais fórmulas usadas para determinar o Risco Brasil, sendo elas:
EMBI +Br
Desde a década de 90, é o banco J.P. Morgan quem faz a estimativa do Emerging Markets Bond Index Plus (Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes, em tradução literal) dos mercados em ascensão de todo o mundo.
O EMBI é calculado tomando como base uma comparação entre os títulos de dívida pública emitidos em um mercado emergente com a rentabilidade do Tesouro americano — referência de estabilidade no mercado internacional.
A ideia do índice é contrastar o quão rentáveis são os títulos públicos gerados em um mercado periférico e em um mercado estabelecido, tirando a diferença entre os dois — chamada de spread.
O EMBI +Br é corrigido quase todos os dias e você pode acompanhar o indicador no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
CDS (Credit Default Swap)
Um Credit Default Swap (Troca de Inadimplência de Crédito, em tradução livre) é um contrato fechado entre um investidor e uma seguradora. Quando o acordo é assinado, o investidor paga um “prêmio” periódico para a empresa contratada pela cobertura do seguro financeiro — que é ativado no caso do investidor levar um calote em suas operações no mercado.
Quanto mais contratos de CDS são firmados por investidores que aplicam no Brasil, mais o índice de Risco Brasil sobe. Isso acontece porque essa procura em alta por seguros contra perdas por inadimplência demonstra que os investidores estão com um pé atrás com relação à capacidade do mercado brasileiro de honrar com os seus compromissos.
Rating
O Rating é um sistema de ranqueamento que atribui uma nota aos países emergentes, calcado nos riscos que estes oferecem aos investidores externos.
As pontuações podem ir de AAA até D/C e são credenciadas por agências financeiras de renome — como a Standard & Poor’s (S&P) e a Fitch Ratings e Moody’s. O Rating atua feito um selo de “Confiável” ou “Não Confiável” que é carimbado nos mercados dos países para advertir os investidores sobre a sua confiabilidade.
E como proteger os meus investimentos quando o Risco Brasil está alto?
Você que opera no mercado financeiro há algum tempo com toda a certeza já sabe que os indicadores não são apenas porcentagens. Quando a Selic ou o Ibovespa se alteram, a título de exemplo, essa flutuação impacta frontalmente nos investimentos de quem aplica na B3.
Uma das decorrências imediatas de um Risco Brasil elevado é a debandada de investimentos para refúgios mais estáveis — derrubando a liquidez dos ativos financeiros brasileiros em geral.
Para não permitir que o seu capital investido oscile de acordo com o Risco Brasil, uma atitude é indispensável: diversificar a sua carteira de investimentos.
No caso de uma parte de sua carteira estar dolarizada, por exemplo, você pode se valer da alta no Risco Brasil para expandir a sua rentabilidade com dólares — uma vez que uma das consequências práticas do risco-país elevado é a desvalorização do Real diante da moeda forte.
Montando a estratégia de investimentos correta, você pode virar o jogo e transformar uma crise a princípio em uma onda positiva para os seus investimentos.
E para te ajudar a ampliar a sua carteira, nossa equipe preparou um artigo que explica como você pode investir no setor imobiliário americano a partir dos REITs. Não deixe de conferir!
Conclusão
Lidar com o Risco Brasil em alta sempre provoca situações complicadas para o país como um todo. Contudo, cada investidor deve ter jogo de cintura para afastar os seus investimentos da crise — resguardando seu patrimônio e potencializando sua lucratividade. Para tanto, você deve ter em mãos as ferramentas corretas.
E para te dar estas ferramentas corretas, a Akeloo tem duas sugestões:
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