O que é o Índice Dow Jones e como utilizá-lo em seus investimentos

Dow Jones Industrial Average, DJIA, Dow Jones, Dow 30, The Dow, INDP. São vários os jeitos de nomear, contudo, todos eles dizem respeito ao mesmo indicador: o índice Dow Jones, um dos norteadores mais importantes da Bolsa de Valores americana e com potencial para impactar o mercado financeiro em escala mundial. É sobre ele que vamos falar hoje.
Para começo de conversa, vamos assimilar o contexto histórico: o índice Dow Jones — formalmente Dow Jones Industrial Average (DJIA) ou simplesmente “The Dow” — é o segundo indicador mais antigo das bolsas nos Estados Unidos.
Em linhas gerais, o The Dow facilita as análises sobre a evolução do mercado acionário nos EUA — possibilitando comparações históricas e o acompanhamento dos segmentos mais estabelecidos da economia.
Grosso modo, o índice Dow Jones — ao lado do S&P 500 — é o correspondente do Ibovespa no mercado americano. O objetivo de ambos os indicadores, afinal de contas, é o mesmo: mensurar a saúde dos mercados financeiros de seus respectivos países.
Estar sempre de olho no DJIA pode ser essencial ao investidor brasileiro, especialmente, por dois motivos: em primeiro lugar, uma vez que a NYSE é a maior Bolsa do mundo, os eventos que ocorrem dentro de seu mercado de ações influenciam os sistemas financeiros de todos os demais países.
Ademais, aos investidores brasileiros também existe a chance de aplicar em mercados internacionais — inclusive no americano, a partir de uma BDR ou de um REIT, a título de exemplo.
Com a introdução ao índice Dow Jones já feita ao leitor, chegou a hora de aprender em mais um artigo preparado pela Equipe Akeloo:
- Como surgiu e o que significa nos dias atuais o The Dow;
- A relevância do indicador nos mais diversos contextos do mercado financeiro;
- Como funciona a base para o cálculo do índice Dow Jones.
Definindo o índice Dow Jones
O nome “Dow Jones” vem dos precursores da Dow Jones & Company — os jornalistas Charles Henry Dow e Edward Davis Jones. A dupla ainda tinha como sócio o também jornalista Charles Milford Bergstresser.
Juntos eles fundaram, em julho de 1889, na cidade de Nova York (EUA), o diário The Wall Street Journal — com Charles Dow atuando como seu primeiro editor.
Para mais, alguns anos antes, em 1884, Dow e Jones também tinham criado o primeiro índice acionário dos Estados Unidos — o Dow Jones Railroad Average (atualmente Dow Jones Transportation Average), que comprovava a importância das estradas de ferro para a economia americana na época.
Nos dias atuais, o índice Dow Jones não é mais tutelado pela Dow Jones & Company — empresa de mídia responsável pela agência de notícias Dow Jones Newswire e pelo já citado The Wall Street Journal — como em seus primórdios. Hoje o indicador pertence à S&P Dow Jones Indices — uma ramificação da S&P Global.
Avançando em nossa conceitualização, o The Dow agrega em seu índice as ações das 30 empresas americanas de maior porte — conhecidas como “Large Caps” ou “Blue Chips” no inglês. Essas companhias têm as maiores fatias de mercado nas bolsas, são campeãs nacionais em suas áreas e contam com ativos de alta liquidez no mercado.
Em outras palavras, o indicador calcula em tempo real uma média ponderada do desempenho das ações que fazem parte de sua relação de empresas. O peso dos papéis no DJIA, por sua vez, é determinado por seu preço.
Também é importante ressaltar que o índice Dow Jones não compreende os serviços de transportes e utilidade pública dos Estados Unidos. Para estes, existem o Dow Jones Transportation Average (DJTA) e o Dow Jones Utility Average, respectivamente. Existe ainda, por fim, o Dow Jones Composite Average, que agrupa todos os três índices da marca Dow Jones.
E por que eu deveria considerar o índice Dow Jones em minhas análises de mercado?
O fator histórico faz com que o índice Dow Jones seja uma ferramenta confiável para visualizar de modo panorâmico o desenvolvimento do mercado acionário dos Estados Unidos nos últimos 126 anos — e, indo além, para contrastar a performance das bolsas americanas em momentos diversos.
Isso se dá porque a composição do Dow Jones muda pouco. A última alteração, de fato, aconteceu em junho de 2018 — quando a rede de farmácias Walgreens substituiu o conglomerado General Electric no indicador.
O DJIA também serve como um termômetro dos setores mais tradicionais da economia dos EUA — dado que as companhias consideradas pelo índice são líderes em suas áreas de atuação. De mais a mais, o índice Dow Jones também retrata o peso de cada segmento nos diferentes períodos históricos.
Todas essas noções podem interferir na tomada de decisão dos investidores a partir de análises fundamentalistas — em especial, sobre os ambientes macroeconômicos do mercado internacional.
Afinal, como o índice Dow Jones é calculado?
No momento (setembro de 2022), as empresas que integram o indicador são:
- 3M;
- American Express;
- Amgen;
- Apple;
- Boeing;
- Caterpillar;
- Chevron;
- Cisco;
- Coca-Cola;
- Disney;
- Dow;
- Goldman Sachs;
- Home Depot;
- Honeywell;
- IBM;
- Intel;
- Johnson & Johnson;
- JP Morgan Chase;
- McDonald’s;
- Merck;
- Microsoft;
- Nike;
- Procter & Gamble;
- Salesforce;
- Travelers Companies;
- UnitedHealth Group;
- Verizon;
- Visa;
- Walgreens;
- Walmart
Por sua vez, a representação setorial — segundo o Padrão Global de Classificação Industrial — é a seguinte, por ordem de relevância:
- Saúde (21,1%);
- Tecnologias da informação (21,1%);
- Finanças (15,3%);
- Bens e serviços industriais (13,9%);
- Bens de consumo discricionário (13,6%);
- Bens de consumo essenciais (7,5%);
- Energia (3,3%);
- Serviços de comunicação (3,1%);
- Matérias-primas e semimanufaturados (1,1%)
Conforme mencionado, o índice Dow Jones é constituído pelas 30 maiores empresas dos Estados Unidos. Como pré-requisitos para fazer parte do indicador, as companhias devem estar sediadas nos EUA e ter a maior parcela de suas receitas angariadas a partir do mercado nacional.
Indo além, essas empresas também fazem parte do S&P 500 — principal índice de ações de companhias de maior capitalização dos Estados Unidos.
A seleção das ações do índice Dow Jones não é quantitativa. A escolha é feita por um Comitê de Índice e, de maneira geral, três parâmetros são observados para a introdução de uma nova empresa: excelente reputação, crescimento sustentado e interesse por parte de um grande número de investidores.
A relevância dos ativos no indicador é determinada a partir de seu preço — isto é, quanto maior o valor, mais representativo é um papel. Deste modo, o Comitê de Índice aprecia o valor presente das ações ao considerar uma companhia para inclusão no DJIA — observando, por exemplo, se o papel mais caro do índice não tem o preço dez vezes superior se comparado com o mais barato.
Substituições no The Dow são feitas somente quando realmente necessário — não havendo nenhuma periodicidade planejada em específico. Essas mudanças ocorrem em resposta a um eventual aumento expressivo no preço das ações de empresas de grande porte e/ou a acontecimentos significativos no mercado — sendo anunciadas de um a cinco dias antes de sua implementação de fato.
Você pode conferir o indicador atual e o histórico completo do índice Dow Jones no site da S&P Global, por meio deste link.
Conclusão
Talvez, ao começar a leitura deste artigo, o investidor tenha se perguntado: “E o que os meus investimentos têm a ver com o mercado americano?”. Apesar disso, de acordo com o que você conferiu hoje, nenhum outro país conta com tantas operações diárias em suas bolsas como os Estados Unidos, produzindo um mercado capaz de impactar todo o sistema financeiro mundial — inclusive o brasileiro.
Indo além, o investidor também tem a oportunidade de diversificar sua carteira com papéis atrelados a ativos americanos — o que pode, além de gerar ganhos a partir da rentabilidade, dolarizar os lucros e expor suas aplicações à variação cambial.
Em outras palavras: é tudo uma questão de conhecimento. No mundo dos investimentos, a informação, sem sombra de dúvidas, é a arma mais poderosa — sendo capaz de abrir novas portas e fazer com que o investidor atinja seus objetivos partindo de um planejamento estratégico bem estruturado
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Boa leitura e bons estudos!